segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Henry Chopin - Audiopoems 1971



Quase desconhecido no país, Henri Chopin foi um importante poeta sonoro. Nascido em Paris, em 1922, este artista interdisciplinar explorou as terras da música, poesia (concreta), noise, editoração, serigrafia, pintura, entre outros mundos.  Foi notado principalmente na metade do século vinte, onde lança um dos discos mais conhecidos, Audiopoems, de 1971.  Suas apresentações consistiam em utilizar um gravador antigo de fita magnética em que recitava poesia e manipulava o som gerando ruídos que criavam um clima iconoclasta aos presentes.
A aparente desordem sonora do artista não era insconciente, pois buscava justamente atingir o equilíbrio entre o caos e a ordem realizando um trabalho entre a linguagem oral e a escrita, tendo como pano de fundo a literatura clássica, para nos levar a uma viagem sonora sem freios à linguagem primitiva, e por vezes surreal.
Em 1954 cria a revista OU (1963-1974) com o objetivo de defender a exploração eletrônica da voz e do corpo, e teve como importante colaborador William Burroughs. Cinco anos atrás o selo Alga Marghen relançou em livro e mais quatro cd’s homenageando esta importante publicação.
Enquanto o campo da poesia nos anos sessenta estava bem mais difundida no meio impresso, Henry levou-a para o campo da música, e fez isso magistralmente. Estamos diante de um trabalho que nos remete aos futuristas, dadaístas, cubistas, surrealistas do início do século vinte em que realizaram algo semelhante, inclusive ele vai trabalhar com alguns dadaístas como Raoul Hausmann, este com trabalhos também registrados na coleção Poesia Sonora.
Parafraseando Michel Girould – Henry Chopin abriu novos caminhos para atravessar os limites, se é que existem entre música e linguagem, desbravou as vozes infinitas, o terreno maravilhoso da boca e dos ruídos corporais com o suporte das máquinas eletrônicas, criando imaginários novos que vão dos mundos astro-físicos até o estudo biológico do homem. Vale lembrar a importância do símbolo da máquina nestes artistas, tão impactantes no começo do século à vanguarda europeia, (lembremos que Tarsila do Amaral inspirada nesse contexto pinta A gare).
Henry Chopin, faleceu em 2008. 

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