domingo, 2 de julho de 2017

Silvino e seu trabalho sobre romance entre “bichas”

A música é um pop-rock de ares setentista e conta a história de amor entre duas “bichas” afeminadas. A inspiração para a letra é antiga. “A estrutura heteronormativa, além de condenar as orientações e identidades das pessoas LGBTQs, nega a nossa capacidade de afeto. É como se não amássemos, mas quando eu tinha uns 15 anos mudou um casal de gays para o prédio vizinho ao meu. E às vezes eu estava na janela e dava para ver um pouco a casa deles. As trocas de afeto. Era tão bonito, tão natural. Era lindo! O nosso afeto é lindo.”

Atrito e Olhos Amarelos fazem parte EP Húmus, que chega às plataformas digitais no dia 5 de Julho. O trabalho contém ao todo cinco músicas que estão conectadas e foram escolhidas a dedo. “Começa te olhando, dançante, convidando pra um grito de guerra, vai se aproximando, ficando mais pé no ouvido, até poder sentar contigo, olhos nos olhos, e dizer umas boas verdades”, argumenta o cantor. É uma reflexão sobre a vivência das pessoas LGBTQs no Brasil.

Silvino não tem empresário nem gravadora – suas composições até agora viraram música graças à parceria com o produtor musical Theo Cancello. Para o cantor, esse tem sido um trabalho de muita dedicação e reflexão. “Theo é um parceiro e tanto. A caminhada solitária fica rasa, chata. Estamos pensando com carinho um trabalho que tenha tônus para percorrer caminhos. Agora, nós, artistas independentes que vivemos fora do eixo Rio-São Paulo, temos uma maior dificuldade de inserção no mercado. É mais fácil um trabalho descer a Serra do que subi-la. O objetivo é fazer subir”.

Cantando por liberdade: Silvino é gay e vive com o vírus do HIV. Nela, Silvino defende o diálogo aberto sobre a vida das pessoas e seus corpos positivos.

“O vírus social criado na década de oitenta é carregado de um discurso LGBTfóbico, racista e xenofóbico. Não falarmos sobre HIV/AIDS, e permanecer alimentando esse monstro social prejudica só a quem vive com o vírus? A mim parece que atrasa a sociedade como um todo”, explica o cantor.

E a maneira sonora e visual que o artista escolheu para abordar a questão é com leveza, delicadeza e sensualidade. “Neste velho armário novo eu não vou entrar parcelado em dias de aflição”, canta. “É um canto de afirmação e liberdade. Em que armário te colocaram? 

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