quarta-feira, 26 de junho de 2013

Sebistas são canalhas e "O princípio de crueldade" de Clément Rosset

Comprar livros no Brasil não é fácil. Digo. Comprar livros que valham a pena e esgotaram não é tarefa simples, a não ser que você cague dinheiro. Tudo isso porque temos que lidar com uma raça filha da puta chamada sebista (verdadeiras almas sebosas). Após o surgimento de sítios onde podemos procurar livros que não estão mais em catálogos de livrarias, essa corja malquista começou a enfiar preços abusivos. A maioria não lê nem gibi, mas cobra, por exemplo, até 250 reais num livro esgotado de 60 páginas. O livro em questão é o que disponho para vocês sacarem no final do texto. HEY SEBISTA VAI TOMAR NO CU!
Aproveito e deixo um texto ampliando e complementando a lamentável situação de quem não lê merdas nucleares como “Casais inteligentes enriquecem juntos” ou “50 tons de liberdade”.
Livros são extremamente caros! – Se eu deixar essa frase solta virá os defensores dos livros enquanto objetos metafísicos da ordem suprassensível e dirão que caro são os produtos supérfluos que consumimos: tecnologias, alimentos e bebidas “dispensáveis” e…
Certamente essas pessoas só leem os Best-sellers que ficam à vitrine principal das lojas ou das listas recomendas pelos mais diversos “especialistas” ou celebridades, ou leem cerca de 2 ou 3 volumes por ano ou ainda não percorreram outros caminhos além da literatura nacional. Certos livros indispensáveis às diversas áreas acadêmicas são extremamente caros se imaginarmos que entre o público que precisa também estão os estudantes universitários que muitas vezes dependem de custear moradia, alimentação e transporte. Além disso, o mercado de trabalho reservado aos estudantes costuma se resumir aos estágios, que no fundo é uma exploração absurda de mão de obra barata em nome da “experiência”: escravidão intelectual costuma atender pelo nome de estágio!
Uma alternativa que costuma ser boa são os sebos, contudo, os livreiros dessa área por mais que veem no livro nada mais do que uma mercadoria para venda, muitas vezes não sendo nem leitores de jornais, embora esta característica obviamente não abarca toda a classe, são grandes estrategistas de mercado. Não é necessário ler livros para lucrar! Procure dar uma pesquisada nos preços de livros que já se esgotaram e a editora não se mostra mais disposta a novas reimpressões, por exemplo, algum exemplar do filósofo romeno Cioran, ou quem sabe “A lógica do pior” de Clément Rosset. Mas a raridade não é o único motivo para os preços absurdos praticados em determinadas obras. Um livro indispensável a qualquer psicoterapeuta mais ou menos sério, independente de sua visão teórica, “Psicoterapia psicodinâmica” cujo autor é Gabbard, embora tenha edições recentes e são facilmente encontrados pelas livrarias, não costuma sair mais barato que o exemplar novo, de acordo com os exemplares de edições antigas da mesma editora encontrados em sebos cadastrados no Estante Virtual.
Aliás, deve-se atentar para os livreiros espertalhões do Estante Virtual que recentemente passaram a ver no valor do frete uma excelente maneira de galgar maiores lucros. Seja cobrando preços abusivos como também despertando a motivação do leitor menos desavisado que acredita “compensar o frete” e para isso sai adquirindo até mesmo o que não lhe era de interesse. Uma das facilidades para aquisição de livros usados no Estante Virtual eram os preços módicos praticados através da modalidade impresso normal dos Correios. Embora seja esta a modalidade de envio praticada pelos livreiros bem como está na política do Estante Virtual, os preços praticados não correspondem ao real valor do frete em suas respectivas variações de preço de acordo com o peso em gramas: este é mais um elemento que os livreiros costumam aumentar, quanto maior o peso indicado maior o argumento que eles têm para justificarem o valor do frete, mas repare quando chegar sua embalagem no valor que foi pago pelo livreiro bem como a real indicação do peso.
Mesmo em tempos onde nunca se vendeu tantos livros como antes, é necessário se atentar para quais são estes livros que estão sendo vendidos. Essa superficialidade se restringe em grande parte pelos livros indicados pela indústria cultural. Livros não são objetos que se justificam por si mesmo! São fundamentais no desenvolvimento, dos “ajustados” aos mais “desajustados”, contudo, não são coisas sagradas que devem ser postas em redomas com auréolas. Uma obra não deve ter o seu valor comercial avaliado de acordo com o conteúdo: o pensamento é incapaz de ser apreendido por qualquer sistema métrico! Um livro antes é um objeto que utiliza alguns recursos materiais e humanos para sua fabricação, ou pelo menos assim o deveria ser.

O primeiro passo para qualquer nação que se quer pensar em políticas públicas para promoção de leitura deve antes passar por uma política de ampla implantação de redes de bibliotecas com acervo diversificado e não somente os “recomendados” pelos especialistas e ainda, no mínimo, a destituição do caráter fetichista do livro como critério de avaliação de preços. A inclusão digital deveria englobar também a inclusão dos livros que podem ser de papel amarelado e capa dura.






3 comentários:

  1. Esses tempos fui procurar um do Gaston Bachelard, tava me devendo a leitura dele desde a faculdade. É um livro de 100 páginas, descobri que o valor dele na Estante Virtual é sempre R$ 100,00 em média. O preço é compatível com aquelas edições malucas da Taschen, em que você compra um livro sobre a exploração lunar e ganha um fragmento de meteorito. O Ascensão de Prometeu, do Robert Anton Wilson, chegou a custar R$ 400,00. Agora que foi reeeditado pela Madras acabou com a alegria dos sebistas.
    E falando em sebistas e best sellers, me lembrei de um escândalo regional, foi no auge da saga Crepúsculo no Brasil. O furto a esses livros tava no modo hardcore, as livrarias não davam conta dos balcões com esses títulos. E quando uma quadrilha especializada foi presa, denunciaram um sebo da cidade que cantava a lista de livros que eles queriam, pagando sempre o valor de boca de fumo.

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  2. Boa. Segue, usando teu exemplo, na prática. Ir no mercado Extra e comprar o Ascensão de Prometeu, 23 reais. Ir num sebista, safado, canalha, ladrão e comprar o mesmo livro 36 reais. São vários títulos que no sebo estão mais caro. Estão fetichizando livros, recomendo escanear tudo e jogar na internet.

    Extra
    http://www.extra.com.br/livros/psicologiaepsicanalise/LivrodePsicologia/Livro-Ascensao-de-Prometheu-Robert-Anton-Wilson-2171642.html?utm_source=buscape&utm_medium=comparadorpreco&utm_campaign=Livros_Psicologia&utm_content=2171642&cm_mmc=buscape_XML-_-LIVR-_-Comparador-_-2171642

    Ladrão
    http://www.estantevirtual.com.br/sebolerfazbem/Robert-Anton-Wilson-Ascensao-de-Prometeu-Introducao-de-I-88281706

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  3. Olha aí mais um canibalismo entre espécies

    Saraiva
    http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/2878043/sandman-vol-1-edicao-definitiva

    Ladrão
    http://www.estantevirtual.com.br/aladosesquecidos/Neil-Gaiman-Sandman-Edicao-Definitiva-Volume-1-88183809

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