Radicalismo chinfrim

Obra "A cidade" de Fernanda Léger, 1919. 

Basta ter construções neológicas como freak-in-out, free-weird-extreme, cloud-music, e tantas outras bobagens que lá está ele – o radical chinfrim.

Ele não gosta de nada e esta atitude é revolucionária. Não gosta de se enturmar com quem fala de futebol ou sobre varões da literatura. Desejava morar dentro de um esgoto, mas sua cama comprada com o dinheiro da bolsa universitária é melhor opção. Não gosta de aulas nem professores, pois estes são babacas ultrapassados. Os melhores filmes são aqueles que ninguém conhece, quando os filmes ficam conhecidos, o radical para de gostar e começa a adjetivar o filme de superestimado.

Compra roupa em brechós, mesmo que de pior qualidade e mais caras, o radical é uma obra estética, mesmo que de mau gosto.

Na política, é meio anarquista meio fascista, caminha sempre pelos extremos, mas no final do mês liga para mamãe mandar dinheiro para comprar seus brinquedinhos high-tech. Possui um Mac, mas defende violentamente, até com imposições, softwares livres.

Ele é uma mistura de Hitler com Bakunin, Mussolini com Solanas, Mujica com Gabeira, Jobs com Stallman.

Não gosta de coisas coloridas, pois conjunturalmente isso é meio “ursinhos carinhosos”, mas mostre um dégradé de cinza que seus olhinhos explodem em depressões coloridas.

De poucos amigos, forjando uma misantropia ele vai crescer e infelizmente não vai cometer suicídio, vai apenas mudar de uma hora para outra. Ele dirá com idade avançada: “as coisas mudam”.

É assim caminha o espetáculo cínico contemporâneo, de radical para dono de empresa do papai, ou funcionário público sem relevância alguma.