quarta-feira, 3 de julho de 2013

Trabalho, antes de matar te engorda: um inferno chamado Buffet.

Iniciarei uma série de narrativas pessoais sobre o dia que troquei minha alegria para ficar enfurnado 44 horas semanais num escritório. Pretendo falar sobre, tempo, colegas, patrão, etc. Inicio hoje sobre “almoço”.
Não sei direito quando surgiram esses estabelecimentos patrocinados por fábricas de óleo de soja. Sim, óleo de soja, é o que mais se encontra na incrível variedade exposta para todo tipo de mão suja se alimentar. Buffets são indigestos, comida de má qualidade. Até uma inocente cenoura cozida ganha um sabor e brilho que me faz lembrar sempre do conto do Chuck Palahniuk: “Tripas”.

Chegar 8 horas da manhã no pelourinho é algo tranquilo, o ruim é saber que você tem mais de dez horas pela frente sentado numa cadeira. Das 8 as 18 são dez horas, e teu sistema nervoso vai se deteriorando. Com isso, minha ansiedade vai para picas, não só a minha, mas de todo mundo que tem que enfrentar essa porra chamada carga horária.
Geralmente na metade da carga horária somos liberados para comer para caralho arroz com salitre, feijão com brometo e alface premiada com brita. Semanalmente encontro fragmentos rochosos na salada do Buffet onde costumo comer.  Buffets tem “táticas” para lucrarem mais com a lavagem servida para quem está disposto em pagar oito reais pela “comida caseira” onde podemos “comer a vontade”.  O feijão que você está comendo hoje na verdade já até criou memória. Dias e mais dias recozido, lavado e temperos obscuros adicionados. Bolinhos de arroz são armadilhas para tua gula, o arroz da semana passada é fritado com ovo e muita farinha de trigo, granadas de carboidratos elaborados com a técnica óleo sobre o prato, dimensões 5 cm x 3 cm.
Não bastasse o capricho dispensado para os clientes, com muita fritura, sal em excesso, carne pingando vaselina, chapas pretas que nunca viram detergente, sobremesas bizarras lembrando vômitos congelados; temos que torcer à horda faminta que seja higiênica. Muitos são criaturas com hábitos animalescos, bichos famintos da caverna querendo superar leis da física colocando mais de um quilo de alimento num prato raso e médio. Enfiam a porra da mão para provar a batata semifrita pingando óleo diesel, usam a mesma colher para a buchada flutuando em molhos químicos e abobrinha brilhante. Espirram na couve dando o toque final com Influenza A.
Quatro tipos de opções! É desta forma divulgada naqueles cavaletes padronizados amarelo e preto a variedade de carne com procedência duvidosa. O peixe é um bicho mutante vietnamita chamado panga, tipo de peixe mais resistente que a barata, sabor artificial de gelo, comer esta especiaria é como enfiar um picolé vagabundo na farinha de trigo e fritar. O porco é para quem já está no nível "caminhoneiro”, a famosa bisteca suína (carne com osso) vem não só escorrendo o comum óleo queimado reutilizado, mas vem pingando sangue. O frango grelhado na verdade é chapado (feito na chapa)  vem com aparência branca semelhante ao corpse paint usada por bandas de Black Metal. O Bife bovino é o famoso “chicletão primitivo” onde depois de 83 mastigadas a coisa mantém-se em formato original. Tudo isso, muitas vezes, acompanhado de água açucarada colorida artificialmente, uma maneira de ir descendo o bolo ao mesmo tempo preparando a fossa.
Após este ritual que dura aproximadamente uma hora, é o reinício de mais quatro horas e quarenta e cinco minutos – a depressão coletiva abraça todo mundo. Num clima narcotizante, fruto de ingestões exageradas de tomate com verme e macarrão com óleo sal e óleo, o início da tarde chega.
            Passado um tempo, num misto de ressaca, vontade de arrotar e defecar, chegamos na “tarde das flatulências discretas”.  É a hora em que o feijão começa a fazer efeito, e os banheiros começam a serem mais frequentados. Se o local de trabalho fosse extremamente silencioso, provavelmente escutaríamos todas as tardes uma descompassada sinfonia de peidos confundida com espirros propositais.  
Terminada a combustão estomacal, é chegada a hora de cagar no trampo. É interessante observar o semblante das pessoas a partir das 3 horas da tarde, momento em que a baguete que sair do cu de todo mundo.  É um período tenso mesclando angústia e ansiedade, pensamentos nervosos surgem: “será que o banheiro está livre?”. Chegada sua vez de sentar no trono e soltar o capiroto pela bunda suas narinas são contagiadas com o cheiro de creme dental misturado com o escolhidos por deus para cagar bombas de gás lacrimogênio. Um odor insuportável, você tampando as narinas com a camiseta cheirando amaciante para amenizar e a latrina ainda quente do último rabo que ali esteve. Enjoo...
         
   Depois de semanas, meses e finalmente anos (estabilidade no emprego) é que os problemas mais graves começam a surgir. Ficamos inchados parecendo poloneses alcoólatras, pançudos consequência de frituras, pressão alta, úlceras, gastrites... Mulheres começam a ficar com bundas sem formatos e moles, e o pior de tudo: vamos ficando menos viris, ou seja, broxas.
             No final do expediente você tem duas escolhas: sal de frutas ou fazer uma endoscopia digestiva e descobrir que... O reino do helicobacter pylori chegou!



           





3 comentários:

  1. Falta pouco pra humanidade adotar a dieta 'Soylent Green', a paçoquinha verde que alimenta pobres e desempregados no filme 'No Mundo de 2020'. No futuro, somente a elite dominante tem acesso a comidas raras, como carnes, frutas e legumes.

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  2. Seguindo o conceito de canhão sônico http://livedoor.4.blogimg.jp/itaishinja/imgs/f/1/f1ba77e0.jpg

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