Iniciarei uma série de
narrativas pessoais sobre o dia que troquei minha alegria para ficar enfurnado
44 horas semanais num escritório. Pretendo falar sobre, tempo, colegas, patrão, etc. Inicio hoje sobre “almoço”.
Não sei direito quando
surgiram esses estabelecimentos patrocinados por fábricas de óleo de soja. Sim,
óleo de soja, é o que mais se encontra na incrível variedade exposta para todo tipo
de mão suja se alimentar. Buffets são indigestos, comida de má qualidade. Até
uma inocente cenoura cozida ganha um sabor e brilho que me faz lembrar sempre
do conto do Chuck Palahniuk: “Tripas”.
Chegar 8 horas da manhã no pelourinho é
algo tranquilo, o ruim é saber que você tem mais de dez horas pela frente
sentado numa cadeira. Das 8 as 18 são dez horas, e teu sistema nervoso vai se
deteriorando. Com isso, minha ansiedade vai para picas, não só a minha, mas de
todo mundo que tem que enfrentar essa porra chamada carga horária.
Geralmente na metade da
carga horária somos liberados para comer para caralho arroz com salitre, feijão
com brometo e alface premiada com brita. Semanalmente encontro fragmentos rochosos
na salada do Buffet onde costumo comer. Buffets tem “táticas” para lucrarem mais com a
lavagem servida para quem está disposto em pagar oito reais pela “comida caseira”
onde podemos “comer a vontade”. O feijão
que você está comendo hoje na verdade já até criou memória. Dias e mais dias
recozido, lavado e temperos obscuros adicionados. Bolinhos de arroz são
armadilhas para tua gula, o arroz da semana passada é fritado com ovo e muita
farinha de trigo, granadas de carboidratos elaborados com a técnica óleo sobre
o prato, dimensões 5 cm x 3 cm.
Não bastasse o capricho
dispensado para os clientes, com muita fritura, sal em excesso, carne pingando
vaselina, chapas pretas que nunca viram detergente, sobremesas bizarras lembrando
vômitos congelados; temos que torcer à horda faminta que seja higiênica. Muitos
são criaturas com hábitos animalescos, bichos famintos da caverna querendo
superar leis da física colocando mais de um quilo de alimento num prato raso e médio.
Enfiam a porra da mão para provar a batata semifrita pingando óleo diesel, usam
a mesma colher para a buchada flutuando em molhos químicos e abobrinha
brilhante. Espirram na couve dando o toque final com Influenza A.
Quatro tipos de opções! É
desta forma divulgada naqueles cavaletes padronizados amarelo e preto a
variedade de carne com procedência duvidosa. O peixe é um bicho mutante
vietnamita chamado panga, tipo de peixe mais resistente que a barata, sabor
artificial de gelo, comer esta especiaria é como enfiar um picolé vagabundo na
farinha de trigo e fritar. O porco é para quem já está no nível "caminhoneiro”,
a famosa bisteca suína (carne com osso) vem não só escorrendo o comum óleo
queimado reutilizado, mas vem pingando sangue. O frango grelhado na verdade é
chapado (feito na chapa) vem com aparência branca semelhante ao corpse paint usada
por bandas de Black Metal. O Bife bovino é o famoso “chicletão primitivo” onde depois
de 83 mastigadas a coisa mantém-se em formato original. Tudo isso, muitas
vezes, acompanhado de água açucarada colorida artificialmente, uma maneira de
ir descendo o bolo ao mesmo tempo preparando a fossa.
Após este ritual que dura
aproximadamente uma hora, é o reinício de mais quatro horas e quarenta e cinco
minutos – a depressão coletiva abraça todo mundo. Num clima narcotizante, fruto
de ingestões exageradas de tomate com verme e macarrão com óleo sal e óleo, o início
da tarde chega.
Passado
um tempo, num misto de ressaca, vontade de arrotar e defecar, chegamos na “tarde das flatulências discretas”. É a hora em que o feijão começa a fazer
efeito, e os banheiros começam a serem mais frequentados. Se o local de
trabalho fosse extremamente silencioso, provavelmente escutaríamos todas as
tardes uma descompassada sinfonia de peidos confundida com espirros propositais.
Terminada a combustão
estomacal, é chegada a hora de cagar no trampo. É interessante observar o
semblante das pessoas a partir das 3 horas da tarde, momento em que a baguete que
sair do cu de todo mundo. É um período
tenso mesclando angústia e ansiedade, pensamentos nervosos surgem: “será que o
banheiro está livre?”. Chegada sua vez de sentar no trono e soltar o capiroto
pela bunda suas narinas são contagiadas com o cheiro de creme dental misturado
com o escolhidos por deus para cagar bombas de gás lacrimogênio. Um odor insuportável,
você tampando as narinas com a camiseta cheirando amaciante para amenizar e a
latrina ainda quente do último rabo que ali esteve. Enjoo...
No
final do expediente você tem duas escolhas: sal de frutas ou fazer uma endoscopia
digestiva e descobrir que... O reino do helicobacter pylori chegou!
Falta pouco pra humanidade adotar a dieta 'Soylent Green', a paçoquinha verde que alimenta pobres e desempregados no filme 'No Mundo de 2020'. No futuro, somente a elite dominante tem acesso a comidas raras, como carnes, frutas e legumes.
ResponderExcluirSeguindo o conceito de canhão sônico http://livedoor.4.blogimg.jp/itaishinja/imgs/f/1/f1ba77e0.jpg
ResponderExcluirCapa sensacional.
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