Resultando da convergência entre os media, a tecnologia, a arte e a política, os media
tácticos constituem um conjunto de práticas culturais e um movimento teórico
surgido na Europa durante a primeira metade da década de 90, difundindo-se até ao
final do milénio para a América do Norte e posteriormente para o resto do mundo.
Tirando inicialmente partido das câmaras de vídeo mas também, a partir de uma certa
altura, das tecnologias digitais como CD-ROMs e a Internet, o produtor deste tipo de
media assume-se como um híbrido, desempenhando em simultâneo o papel de artista,
activista, teórico e técnico.
Este tipo de utilizações subversivas e/ou criativas das tecnologias de informação e
comunicação por indíviduos normalmente excluídos do seu acesso caracteriza-se
pelo experimentalismo, a efemerabilidade, a flexibilidade, a ironia, o amadorismo.
Partindo da distinção entre tácticas e estratégias estabelecida por Michel de Certeau e
retomada por autores como David Garcia e Geert Lovink, esta dissertação examina o
modo como os media tácticos se apresentam como “media de crise, crítica e
oposição”. Empregando uma análise teórica das práticas de alguns colectivos,
pretendemos demonstrar que as tácticas de protesto destas formas de produção
mediática representam uma posição de permanente combate contra um adversário
concreto e explícito (Estado-nação, instituição supra-nacional ou empresa
transnacional).
Depois de abordarmos os perigos a que este modelo antagonista dos media como
arma de resistência induz, propomos uma perspectiva alternativa de media tácticos a
partir de uma análise empírica de dois projectos brasileiros, o Metáfora e o
MetaReciclagem. Em conclusão, argumentamos que estas e outras iniciativas de base
adaptam as práticas de subversão e resistência observáveis nos colectivos activistas
dos países desenvolvidos às especificidades de um país periférico como o Brasil. Ao
fomentarem a reapropriação da tecnologia para fins de transformação social, estes
grupos potenciam as capacidades criativas e comunicativas das comunidades locais,
com vista à sua auto-sustentabilidade e autonomia.
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