terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Livro fala de sons, ruídos e desejo pelo silêncio


Música ouvida pelo filho pode soar como cacofonia aos pais
Mike Goldsmith já reuniu muitos fatos sobre o ruído, alguns familiares -caminhões são barulhentos-, alguns dignos de nota -o Big Bang foi silencioso- e alguns quase perdidos na história -o malfadado Concorde era tão ruidoso que, em 1976, foi temporariamente proibido de pousar nos EUA.
Goldsmith, doutor em astrofísica e antigo líder do grupo de acústica do Laboratório Nacional de Física do Reino Unido, é autor de muitos livros para leitores leigos sobre o assunto.
"Discord" [Discórdia] é uma história do som, a começar por Stonehenge, construída por volta de 2600 a.C..
Os especialistas nos dizem que, antigamente, o lugar reverberava como uma sala de concerto. Isso graças a sua superfície interna (de pedras) lisa e ligeiramente curva e apesar da ausência de teto. "Um impressionante feito de engenharia acústica", escreve ele.
Embora admita que "ruído" geralmente signifique "som indesejado", Goldsmith ocasionalmente funde o desejado ao indesejado. Fonógrafos, telefones e o automóvel contribuíram para aquilo que ele chama de "século do ruído".
Assim que os modernos prédios antirruído foram construídos, escreve ele, "seus habitantes preencheram esses espaços com a tecnologia produtora de ruído recentemente disponibilizada".
O fonógrafo e o rádio raramente eram considerados um ruído para quem os ouvia.
No entanto, se os usuários dos aparelhos fossem adolescentes e se eles aumentassem o volume, o som seria um ruído para os pais.
Goldsmith também fala do caminho do ruído para o som.
Pitágoras, conta ele, usava o conceito de dissonância para chegar às suas teorias sobre as razões simples dos números inteiros. Platão achava que o som ia do ouvido para o cérebro e de lá para o sangue, terminando no fígado. O som tem muitos usos benéficos na medicina (o gel do ultrassom, aliás, serve para impedir que o ar existente entre a máquina e a pele absorva o sinal).
E há o som que ninguém ouve -o infrassônico. Em 1998, cientistas em um laboratório relataram ver figuras cinzentas borradas, segundo uma revista científica.


Fonte: Folha de S. Paulo. 

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