quarta-feira, 2 de julho de 2014

Aqui no Brasil, estamos na Ditadura!

Sou militante há 32 anos, comecei a minha militância no período da redemocratização, vivi muitas barbaridades nesse período, principalmente em decorrência da
violência policial, quando a terrível ROTA viveu anos de “muita matança” e amedrontava toda a juventude. Pensei que aqueles anos seriam os piores, me enganei, veio a “democracia!” e as coisas ficaram piores e houve mais evidências de que a democracia não viria como a desejávamos. Surgiu a nossa Constituição que deixou a polícia militarizada e autorizou as Forças Armadas intervirem para manter a ordem interna. Logo depois Fernando Henrique Cardoso foi eleito e começou a perseguir os sindicatos, colocando o exército para ocupar fábricas e a Petrobrás e ataques à organização dos trabalhadores, foram diversos.


Esses foram os primeiros e mais graves, sinais de que algo estava muito errado. O que veio depois, só foi a constatação de que nós brasileiros não conseguiríamos vivenciar aquilo que o liberalismo chama de democracia, ou democracia burguesa, já que o mínimo é garantido em uma democracia burguesa, mesmo que saibamos que todas as benesses do estado são direcionadas a burguesia e não a maioria do povo, que é a classe trabalhadora.

Nos últimos anos, foi ficando concreto que numa sociedade de classes nunca vivenciaremos se quer a democracia que nos foi oferecida. A cada dia acompanhávamos mais violações, como por exemplo, mortes praticadas por agentes do estado, a maior do mundo, ou então, o encarceramento em massa, somos o 3º país que mais encarcera no mundo, só perdendo para os EUA e a China e o país que mais mata de forma violenta no mundo. 57 mil pessoas morrem por ano no Brasil (oficialmente, sem contar as mortes extra-oficiais), e em um país em guerra são 20 mil mortes por ano, segundo a ONU.

Mas, em um país que caminha para o fechamento do regime a passos largos, matar, prender e criminalizar é insuficiente, já que a finalidade é calar as vozes que se levantam contra a impossibilidade de uma vida com tanta opressão, em um estado assim, é necessário calar as consciências para isso: só criminalizando-as.

É isso que vem ocorrendo no Brasil nesse último ano, que depois das Insurgências de Junho despertou no povo brasileiro, e muito fortemente na juventude, o desejo de lutar por outro mundo e não se calar diante de tantas barbaridades.

Diante dessa nova situação, o estado brasileiro se armou e passou a caçar nossos direitos civis, caçar a nossa liberdade e criminalizar a nossa consciência,
cometendo ainda mais crimes contra a humanidade.

Nesses últimos dias, prenderam mais criminosos de consciência, que se juntaram aos milhares de presos políticos que temos no país. E os movimentos no Brasil reagiram, realizando uma atividade pacífica de desagravo e cobrança da soltura imediata dos presos de consciência existente no Brasil, em especial um dos mais graves: Fábio Hideki.

No dia 01/07/2014 ocorreu um debate, o qual juntou intelectuais, sindicalistas, estudantes, militantes de movimentos e partidários, reuniu cerca de 500 pessoas em uma praça na cidade de São Paulo. A PM- Policia Militar, estava em 1.000 policiais, que ameaçaram , provocaram, prenderam e reprimiram barbaramente as pessoas que estavam ali para pensar e denunciar o encarceramento por consciência de dois companheiros.

A estupidez dos PMs de Armaduras medievais, que nos filmavam, acharcavam, humilhavam , chegou ao limite da sua estupidez e arrogância, quando jogaram bombas de gás lacrimogênio nas proximidades do debate, que fez com que as pessoas dispersassem e em sua saída, fossem presas as dezenas.

 Naquele momento passei a pensar e me sentir como deveriam se sentir os sul-africanos que viveram o apartheid, pensei nos colombianos que vivem uma vida militarizada, pensei nos Palestinos da Faixa de Gaza, pensei nos massacres da China, pensei na minha e na nossa impotência diante das atrocidades que ali eram cometidas, sem que pudéssemos reagir e nem queríamos, pois, afinal de contas, queríamos circular ideias para que a estupidez do governo brasileiro, em particular naquele momento, do governador paulista, o fascista Geraldo Alckimin, cessasse!

Nesse momento no Brasil, vivemos um desgoverno para o povo e uma política de insegurança pública, bem como um sinistro avanço sobre todxs aquelxs que incomodam o sistema, são os negrxs, os LGBTS, as mulheres, os indígenas, as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, entre tantxs, que nos faz hoje ostentar diversas piores marcas de violação de Direitos Humanos em comparação ao restante do mundo!

Por isso, não é impressionismo afirmar, estamos na ditadura, hoje foi um dia que isso ficou bem claro! Estamos vivendo uma vida militarizada em um país militarizado, que nos retira todos os nossos direitos e cerceiam a nossa liberdade!

Givanildo Manoel da Silva (GIVA)
Militante e esperançoso na humanidade, mais não com capitalismo!
  
P.S. O sentimento de impotência ao chegar em casa aumentou, porque o que mais queria era escrever sobre o que vivi nesse dia, mas recebo a triste noticia, que no estado da Bahia, mais um indígena Tupinambá foi assassinado, assassinado em terras guardadas pelo estado, Força Nacional, que deveria protegê-los e ao contrário, protege os interesses dos fazendeiros.

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