sábado, 15 de setembro de 2012

Improvisação livre na música e capitalismo: a resistência à autoridade e o culto pelo cientificismo e a celebridade*



Edwin Prévost
Traduzido e adaptado por Tonhoise
*Utilizo o termo “cientificismo” para descrever uma área de dissertação que utiliza a linguagem e as matrizes (e até certo ponto a autoridade) da ciência, sem ser necessariamente científica.


Existem poderosas razões para não alinhar os temos contidos no título. A música é uma coisa; o capitalismo outra. Salvo, obviamente, que se interceptam. Um debate sobre o capitalismo é inevitavelmente político. É uma crítica sobre o funcionamento da sociedade humana. De algum modo, todos nós estamos envolvidos no “cash nexus”*. Da mesma maneira, a improvisação livre na música é um espaço de atividade humana na qual também há potencial para o intercâmbio. [1]

Para escutar música há que passar, na maioria dos casos, pela mediação do mercado capitalista. O ouvinte tem, de algum modo, que comprar a oportunidade de escutar a música com sua assistência a concertos ou comprando discos. A principal exceção disto parecer ser a música religiosa, da mesma maneira a música folk, ainda que os ouvintes destas músicas tenham que pagar com outra coisa que não seja dinheiro. [2]

A motivação para escutar música não tem haver com algo se é ou não uma mercadoria. Desta forma, resulta extremamente difícil escapar ao “cash nexus”. Em uma sociedade capitalista, incluindo nosso ócio, se mede com critérios sociais e econômicos dominantes: o equivalente monetário.[3]

Na maioria dos casos, compramos instrumentos musicais (os materiais e as ferramentas sem nós mesmos os terem feitos); é provável que compramos classes. Mesmo se organizamos um show gratuito, possivelmente há que conseguir o espaço para o concerto e fazer um acordo com o proprietário do lugar, para que este obtenha algo na transação (por exemplo, com vendas de cervejas e comida para os clientes-ouvintes).  Está claro que o sistema capitalista é um entorno socioeconômico normal. A maioria das pessoas não vê com reservas ou mal a ideia da música feita para ser comprada. E o fato da música que tem êxito no mercado se converta com frequência na medida do seu valor. Em outras palavras, muitos consumidores crêem que se vale a pena pagar dinheiro pela música, então deve ser boa. Seguindo o contrário, se a música é oferecida gratuitamente, por definição, não deve ser tão boa quanto à primeira. Isto é ideologia em estado puro. [4] E é no marco das condições expostas anteriormente onde uma forma de música livre, como a improvisação, tem que se debater. Os que praticam não são imunes aos requisitos básicos da existência (dentro do capitalismo) que os permitem seguir vivendo. Antes de poder fazer música deve-se cumprir certas questões materiais. Dado o que é agradável ao panorama social e econômico como as músicas entram na ampla categoria de improvisação livre e experimental, resulta um tanto surpreendente que essas músicas estejam inclusas.

Não obstante, em certo sentido poderíamos postular que existe precisamente devido às investidas socioeconômicas de uma cultura capitalista. Ou seja, trata-se de uma forma de música (sugiro) que se opõe aos valores que carecterizam o capitalismo; colocando sua ênfase nas relações de mercado e em todas as formas sociais e atitudes que convém e deixam atrás de si. Sobre este aspecto, a improvisação livre segue uma trajetória artística e cultural que é familiar a história do Jazz; na qual, lembrando a estreita afinidade do jazz nos primórdios em que contínuos laços com o mundo do espetáculo, houve focos radicais de resistência à cultura convencional branca dominante europeia. E uma reafirmação de um conjunto de valores culturais e costumes alternativos. Muito pouco desta autoafirmação foi conscientemente anticapitalista; foi, em sua maior parte, uma resposta intuitiva de uma comunidade desfavorecida sofrendo algumas das mazelas mais feias do capitalismo, o racismo. O Jazz se se converteu em parte em uma autodefinição cultural secular para uma comunidade reprimida e que também alguns brancos sentiam-se em casa. [5]

Há exemplos de músicas que tem sido parte de um movimento de oposição às censuras do capitalismo, mesmo que é um exagero afirmar, por exemplo, que o Jazz era intrinsicamente político e, no entanto, anticapitalista ou contrário a qualquer coisa concreta. Alguns músicos de Jazz eram mais abertamente políticos do que outros, por exemplo, Max Roach. De maneira similar, acredito que podemos inferir que a improvisação livre na música é uma forma cultural alternativa. De igual forma, talvez isto reflita o crescente descontentamento de algumas pessoas (a população branca em particular) das chamadas sociedade capitalistas industriais da Europa, em que tiverem muitos poucos modelos de respostas culturais positivas (excetuando àquelas contidas na religião e outros sistemas místicos) e nenhum modelo adequado de resistência à cultura individualista predominante. Mesmo que muitos dos músicos de improvisação livre ser apolíticos, há algo em sua maneira de trabalhar e nas suas relações gerais dentro dessa forma, que sugere uma alternativa à classe do contexto em que o capitalismo prospera, ou seja, as relações de mercado. [6]

Chegado neste ponto, teremos que explicar as grandes rupturas que tem a música improvisada que se dintingue de outras formas de fazer música. Esperamos que isto nos permita classificar os momentos estruturais que fazem dela, deste meu ponto de vista, de maneira potencial e inerente, um veículo de renovação cultural. No ensaio “No sound is innocente” tentei dar precisão à dupla proposta analítica de diálogo que, a meu parecer, são o centro da improvisação coletiva. [7]

Em poucas palavras sugiro:

a)    Que uma peça normal de música clássica, por exemplo um quarteto de cordas de Beethoven ou uma canção pop, a maioria dos problemas técnicos de preparação  para uma apresentação se resolvem e refinam antes da apresentação planejada;
b)    Que o mediador das relações entre os músicos e o manuscrito que normalmente representa a partitura. Em contraste destas propostas analíticas frente às improvisações é:
a)    Que os músicos que improvisam buscam sons e seu contexto dentro do momento em que realizam sua apresentação
b)    As relações entre músicos são diretamente dialógicas: quero dizer, não há nenhum mecanismo externo (por exemplo, uma partitura) que medie entre sua música. [8]

O que estamos falando aqui é do processo de descoberta de fazer música. Na relação com a experiência de AMM, Cornelius Cardew escreveu:

Buscamos sons e respostas que se associem a eles, em vez de criá-los desde o pensamento, preparamo-los e produzimo-los. Esta busca nos leva ao meio do som e até mesmo o músico está no coração do experimento. [9]

O ponto a ressaltar aqui é que durante a atividade de criar sons, inclusive na atuação, quando se investiga constantemente o potencial dos materiais utilizados. Realizar shows como ato de experimentação. Os resultados que se têem que avaliar, inicialmente “in situ”, em relação a sua ressonância social e musical. É uma atividade que conduz ao que é referido como autoinvenção. Assim como e onde os músicos inquisitivos encontram e desenvolvem uma voz particular para representar sua individualidade e suas aspirações gerais. Junto disto está o coletivo implícito da atividade, o dialógo: “buscamos sons”. É de gente que trabalha estreitamente com os demais em um processo mútuo de fazer música – uma invenção social criativa e contínua.

As questões que de devem embasar esta situação incluem: o som funciona em si mesmo? (é dizer, tenho trabalhado suficientemente a fundo para descobrir algo de seu potencial?) Funciona dentro do contexto da atuação? Funciona no contexto qual seja o entorno social que se dirige ou integra? Estas perguntas propõem uma nova série de critérios de êxito durante a atuação. E, talvez, nos levem a ver como se formam novos sentidos da estética. Esta nova visão se efetuará através de um prisma de experiências prévias, senão que derivará e moldará através da prática da autoinvenção social.

Evidentemente, é pouco provável (ainda que possível) que alguém decida escutar ou tocar música improvisada tomando como base um juízo político já formado do valor da música em questão. É lamentavelmente, muita gente que conheço, que se consideram a si mesmos politicamente inteligentes, todavia não se podem identificar com o radicalismo que claramente reside no processo de improvisação livre.

Para muitos radicais de esquerda, este tipo de música segue sendo incompreensível, sobretudo, ao que parece, porque os improvisadores livres fazem uma música sem tonalidade convencional, nem ritmos familiares e sentem um menosprezo consciente, por qualquer gosto populista orientado pelo mercado. Se bem que para muitos ouvintes algum sucedâneo da música folk-rock ou inclusive a música universal – sempre que tenha uma letra radical apropriada para ou alguma ilusão histórica – parece-se reunir os requisitos. E para eles segue funcionando, incluindo as conscientes concessões que a maioria das músicas populares tem que fazer ao capitalismo para seguir existindo. Parece que muitos ideólogos de esquerda não lhes ocorre que pensar as mudanças nas relações sociais tenham que refletir em toda classe de atividades humanas... Incluindo a música. Assim como, muitos profissionais da música que devem suas origens a improvisação livre estão descobrindo agora que certas facetas desta aproximação criativa servem para a exploração dentro de um florescente setor de mercado do ócio chamado arte. Tudo isto deveria resultar um desalento para aqueles que pensam que a música de improvisação livre pode, de alguma forma, ser um veículo ou um modelo do tipo de sociedade – no lugar do capitalismo galopante livre para todos – em que prefeririam viver.

Prosseguindo, antes de voltar aos desencantados, examinemos o que está passando nesta, ainda que menor, apropriação capitalista da improvisação livre. Durante alguns anos pensaram que alguns dos incrivelmente sons dissonantes e a dissolução geral das expectativas resistiriam ao marketing. Como para mim e para muitos outros é precisamente esta alteridade do mundo do som o que vemos de atrativo, estou familiarizado com respostas dos ouvintes que não consideram as músicas experimentais e improvisadas como música, no absoluto. O que parece haver ocorrido é que em certos contextos e para uma parte da audiência, a dissonância e a deslocação converteu-se em experiências toleráveis. Talvez seja isto ao que se referiu Cardew quando durante as décadas de 1960 e 1970 observava a clientela burguesa enjoada – por exemplo, na Bienal de Veneza – ou aqueles que assistiam as apresentações do Merce Cunningham Dance Company. [10] Escutavam atentamente e aplaudiam educadamente a música de John Cage et al. “A burguesia aprendeu apreciar tudo”. [11]

O que teria que fazer agora para a vanguarda surpreender? Nada. Como sugere Chris Cutler com uma claridade muito convincente, a vanguarda está morta. [12] Muitos públicos aprenderam a aplaudir educadamente em praticamente todas as ocasiões, sempre e quando haviam sido persuadidos de que sua aquiescência serve para alguma causa da moda, e sempre que seja um incentivo da taça e da cena depois do concerto.

Sempre suponhou-se que a vanguarda estava ali onde se podiam explorar novos horizontes culturais. Que a vanguarda era um lugar para uma rejeição implícita do status quo. Esta atividade consiste em estratégias de distanciamento: por exemplo, a atonalidade, os mecanismos do acaso, a utilização de novas tecnologias para criar sons, fazer novos sons com velhos instrumentos. Estas ações estão destinadas a perturbar o equilíbrio perceptivo, cultural e, algumas vezes, social. [13]

Continuando, muitos destes procedimentos são reativos. A intenção é negar o que já foi percebido como uma situação negativa. Existe, como espero mostrar, outro papel desses procedimentos aparentemente pertubadores. No início da década de 1970 alguns conhecidos meus, austeros maoístas (alguns dos quais haviam sido músicos vanguardistas), não foram os únicos a perceber as mutações de uma grande parte da vanguarda como os cansados excessos do individualismo burguês. Porém confundindo as características positivas e criativas da individualidade com o individualismo, largaram-se a palha mais também o grão. Em suas desesperada e desamparada pressa em entrar na era da ditadura do proletariado, procuraram denegrir e privar outros do conduto do dialógo e do entedimento criativo.  Para eles, a partir desse momento, só a direção do partido poderia dizer quais eram as manifestações culturais que interessavam. Tampouco é necessário que derramemos demasiadas lágrimas sobre este assutno, já que se esgotou sua confiança fundamentalista em Mao; mas não antes de fazer muito dano as iniciativas criativas, as relações culturais e inclusive das amizades.

Evidentemente, a ideia de “a vanguarda” morre no momento em que se classifica; e, dado que muito do que agora é aceito como arte está tão relativizado. (“tudo pode converter-se em arte” ou “todo som é música”), o que deriva é pouco importante – salvo como uma tranquila distração – se prestarmos ou não a atenção o que ocorre em nome da arte. Meus conhecidos Maoístas lhes resultaram fácil convencer de que a arte moderna era tão somente uma indulgência burguesa porquê, supõe-se, isso era o que eles haviam consentido como e quando eram vanguardistas.  Não obstante, sempre houve outr linha na vida criativa unida à cultivar e elevar um sentido pessoal e social. Por exemplo, a vanguarda do jazz negro da década de 1960 nos Estados Unidos foi declaradamente social. Frequentemente se orgulhava de sua excelência técnica e seu espírito de comunidade. A ideia de que tudo vale, como uma pose informal ou uma atitude de: “é arte se digo que é arte”, não servia. Apareceu um sentido de orgulho negro com uma determinação de ser tão bom – preferecialmente o melhor – que qualquer representante da cultura opressora.  É preciso dizer que o jazz já não matinha este perfil social e político ou, inclusive, artístico na atual comunidade negra dos Estados Unidos. [14] Desta forma, sugiro que podem seguir existindo motivações similares na prática da improvisação livre.

Para a década de 1950, quando o mundo havia deixado atrás as privações da Segunda Guerra Mundial e começava a entrar no clima ideológico da Guerra Fria, ofereceu-se à cultura ocidental um sentido de Novo Mundo, através dos experimentos da escola de compositores de Nova Iorque, que nós associamos com John Cage e as meditações dos serialistas de Darmstadt [15]. Estas atividades transcorreram paralelas às iniciativas musicais emergentes, inspiradas em grande medida no jazz que conduziram o desenvolvimento de uma nova estética musical que agora nos podemos referir geralmente como uma improvisação livre.
Todas elas influíam-se, de algum modo, entre si. Em comparação com o que o grupo de Darmstadt ou Cage obteve, a improvisação livre conseguiu muito pouco prosseguimento e apoio oficial ou não.  De qualquer caso, a improvisação livre era suficientemente polêmica como para Cage, Boulez, Stockhausen e muitos dos principais protagonistas da nova música se dedicassem a comentar. [16]

Também houve alguns pontos em comum importantes: por exemplo, o compositor e jovem associado de John Cage, Christian Wolf, improvisou com AMM nos finais da década de 1960, Boulez e Berio escreveram artigos analisando a improvisação livre; Anthony Braxton admirava Karlheinz Stockhausen, etc. E talvez, poderia dizer que Boulez e Stockhausen chegaram flertar ou a entreter-se com a improvisação. Mas os procedimentos que adotaram e os resultados pouco têm em comum com as aspirações gerais e objetivos artísticos que seguem sustentando a vida musical improvisativa como nós a conhecemos agora.

Ainda que Cage e a escola de Darmstadt fosse considerados, de algum modo, contrapostos entre si, teriam, no meu ponto de vista, importantes coisas em comum que os separavam fundamentalmente dos improvisadores livres. Os cálculos quase matemáticos requeridos, por exemplo, em “Variations 1” (1958) de John Cage, onde se empregam solapamentos transparentes para criar relações arbitrárias entre pontos e linhas, a partir das quais se constroem os sons/músicas, refletem (talvez de uma forma cômica) uma atitude muito mais rigorosa do serialismo integral. Se o que Cage pretendia era ser irônico ou não, isso escapa da minha leitura. Cage esta indo contra a improvisação. Isto coincide com sua filosofia geral sobre o uso da pura casualidade em suas composições, que colocam grande ênfase em deixar que os sons sejam eles mesmos, permitindo de algum modo que tenham uma vida fora ou mais a margem da intenção humana. Sua inspiração para estes métodos de criar sons objetivos, neutros e de configurações sonoras foi o “livro de mutações” “I ching”, o primeiro livro dos clássicos confucianos. Talvez o usuário mais famoso do “I ching” na cultura ocidental foi o psicólogo analítico C. J. Jung. Parece-me que a atração de Jung pelo “I ching” é exatamente contrária as afirmações que fez John Cage sobre seus procedimentos. Jung ficou impressionado por como a caída ritualista e arbitrária das hastes de Milenrama (ou as três moedas de forma abreviada do método adivinhatório) permitiam aos interrogadores entrar em seu inconsciente. Cage, segundo entendo, só se interessava em ir mais além da consciência.  No entanto, curiosamente, tanto Cage como Jung se viram cativado pelo “I ching” devido às manipulações que tinham lugar mecanicamente “sem deixar espaço para a interferência da vontade”. [17] É possível que Cage tivesse estudado buscando um sistema aleatório, em cujo caso dado a patente modernidade de seu projeto, por que escolheu um método com tantas matrizes históricas, exóticamente estrangeiras, culturais e místicas? Aqui surgem importantes questões. Por exemplo, é possível alcançar um estado de total neutralidade psicológica? E, é desejável tal estado? Cornelius Cardew, quem inicialmente havia sido o maior defensor de Cage na Europa, posteriormente assinalou que quando John Cage e David Tudor interpretaram “Variations 1”:

 Sua interpretação foi completa de estrondos, golpes, música de rádio e discurso, entre outros. Não se perdeu nenhuma oportunidade de incluir material emotivo. E musicalmente estavam corretos. Sem estes sons emotivos, as pausas silenciosas, que são uma característica da peça em suas fases posteriores, teriam visto despojados de seu dramatismo e a peça teria se desintegrado em pura poeira. [18]


Na melhor das hipóteses, John Cage, com sua peça silenciosa e seus métodos de construção de pura casualidade, inseriu uma série de provocadoras questões sobre a natureza da música. [19] Nos deu uma ideia fresca do possível significado e beleza dos sons que previamente foram considerados fora do território musical. Impulsionou certo tipo de liberdade do pensamento. Da mesma maneira como foi observado por Dadid Tudor em uma entrevista em “Music and musicians” realizada nos final dos anos sessenta:

Eu tive que aprender a cancelar minha consciência a qualquer momento antes de produzir o que vinha em seguida, obtendo a liberdade de fazer qualquer coisa [20]

Trata-se de um comentário feito pela mão direita de John Cage, assim dizendo. São claras as muitas considerações (inclusive as minhas) alcançadas de preparar as peças de Cage utilizando os mecanismos de casualidade supracitados, que qualquer possível liberdade está totalmente separada de qualquer objetivo humano, salvo a perversa satisfação de levar a cabo uma instrução irrelevante. Talvez Dudor, na citação acima, estava explicando algumas de suas próprias estratégias para tentar escapar previamente na interpretação. Mas existe algo de autoengano na ideia de “cancelar a consciência de qualquer momento prévio”. Esta prática é quase impossível e talvez tampouco tenha alguma consequência concreta. A música de Cage adotou o sobrenome de experimental, em contraposição com o fim da vanguarda que adotou os que reuniram-se em Darmstadt durante o período do final da Segunda Guerra Mundial. A iniciativa de Darmstadt parece ter tido muito mais intensidade intelectual. Havia um sério sentido do rigor aplicado na nova música surgida a partir do desenvolvimento do serialismo seguindo os passos de Schoenberg e Webern et al. Pierre Boulez, talvez junto com Karlheinz Stockhausen, foi considerado uma figura proeminete do movimento de serialismo integral. Parece que Boulez havia se dedicado a buscar e desenvolver o que ele chamou de um “método analítico ativo” que para ele era indispensável: “deve começar com a mais minuciosa e precisa observação possível dos possíveis fatos musicais que somos confrontados; depois é uma questão de encontrar um plano, uma lei de organização interna que leve em conta estes fatos com a máxima coerência; finalmente chega a interpretação das leis composicionais deduzidas desta aplicação”. [21]

Não há nada de inconformista e, com frequência, poética travessa que alguém pode dectetar na música de John Cage. Tampouco não há nenhuma liberdade aparente para o músico. E, ainda que atuar no contexto musical está fora de minha própria experiência – como eles dizem – conheço um homem que faz. Jhon Tilbury, em uma de suas mais inspiradas descrições sobre as exigências que a música serialista integral demanda, a descreve como “uma complicadíssima forma de por a mesa de jantar, salvo que no final nunca tem comida”. Esta fórmula altamente tecnocrática de fazer música coloca claramente aos músicos um papel de subordinação e de funcionário no que se trata do resultado criativo da música. Muitos podem considerar que o auge do serialismo e da indeterminação já foi ultrapassado. As novas músicas têm se afastado de qualquer afiliação ou atadura com estas escolas. Sem dúvida, as formulações posteriores parecer ser mais ecléticas e díspares: Minimalismo, Nova Complexidade e as diversas formas microtonais vêm rivalizando com outras numerosas expressões pósmodernas. Alguém pode até dizer que algumas formas de improvisação livre se interessam na estética cageana integrando a microtonalidade. No entando, vivemos em uma época que se encontra mais ao gosto do discurso apolítico e sem história. Os capitalistas vivem se gabando de ter ganhado a batalha ideológica. Ainda que atualmente esteja ocorrendo certa volta a noções de fim da história, a música parece substituir um mundo nebuloso que existe por si mesmo e do mercado. Portanto, afirmaria que as posições propostas pelos serialistas e indeterministas que apareceram num tempo em que as polêmicas eram uma parte antecipada de qualquer proposta cultural, elas mantêm-se essencialmente intatas e em jogo, a respeito das relações de músicos, músicos com seus companheiros músicos e os músicos com vasta paisagem cultural.  Por isso, acredito que isso vale a pena fazer uma revisão do que foi proposto e, posteriormente, desenvolvido a partir do serialismo e indeterminação, uma vez que irá lançar luz sobre as tendências que persistem na esteira.

O que estava em oferta parecia ser a suposta objetividade do serialismo e neutralidade de produtos aleatório de indeterminação. Assim, estava a ordem inalterável das notas e sua prolongação a outros parâmetros da música, o que se percebeu como uma metáfora de um certo tipo de democracia científica. Por outro lado, nos ofertou o alegado anonimato de sons selecionados mediante procedimentos de pura casualidade, como uma metáfora do tipo liberdade liberal. A obsessão de Cage por eliminar a vontade da equação para criar música, em virtude de mecanismos
de seleção aleatórios para a escolha de sons e a estrita disciplina matemática do serialismo integral, conduziram a fins muito similares. O músico intéprete podia marcar uma diferença bem pequena no resultado artístico. Cornelius Cardew, que havia sido assistente de Karlheinz Stockhausen no ínicio da década de 60, cada vez sentia-se mais incomodado com a rigidez da nova música.  No ínicio, Cage e companhia pareciam oferecer certo ar libertador. No entanto, com a decepção da aleatorização, a mensagem real atrás dos novos procedimentos para fazer música não era a liberdade, mas o contrario: a autoridade. A resposta inicial de Cardew a isto – como se vê em suas próprias obras inderterminadas, mas que iam além destas influências – foi começar a mostrar os processos das pessoas. [22]. Isto culminou com a decisão de Cardew de deixar a composição por um tempo, convertento-se em um membro do grupo de improvisação AMM, que havia levado para a prática musical muito mais além do dque dedicar-se simplesmente a produzir sons. Os sons tinham que ser entedidos, alimentos, desfrutados e, inclusive personalizados e colocados dentro de um contexto humano (é dizer, socializados).  
O modernismo em geral tem sido equiparado com uma nova forma de cultura científica. Stockhausen relata o passo, localizável até Varése, de como a música fazia investigação científica e, mas especificamente, fazia colaborações com companhias de vanguarda de novas tecnologias, por exemplo, Bell Telephone Laboratories. Boulez deu um passo a mais com a fundação de um instituto de investigação em Paris (IRCAM) onde os compositores se uniram a engenheiros e cientistas para descobrir um “programa disciplinado conjunto para o avanço da ciência músical e acústica”. [23] Enquanto John Cage oferecia uma situação hipotética em que tudo e nada podia ser música. Entre eles, junto a muito do que aconteceu depois, nos ofereceram músicas anêmicas as que haviam exprimido as células de sangue portadoras de vida e participação significativa. Em tal clima, que substitui a possibilidade de envolvimento social é a projeção a celebridade. Aquele que faz as declarações mais ultrajantes sobre sua música e invoca um mercado exclusivo de arte moderna (especialmente por meio de mecanismos de propaganda que favoreçam a notoriedade e o escândalo), torna-se o mais célebre. Não está claro que as músicas menos reverenciadas intelectualmente tenham sido sempre imunes a tal autoestima e lancem um olhar melhor do que eram. Ao que parece, Jerry Roll Morton afirmou ser o inventor do jazz. Mas recentemente, há outros tem sido imposta a originalidade artística como uma espécie de partogênesis. Ornette Coleman foi proclamado o inventor do Free Jazz e Derek Bailey o inventor da música de improvisação; de todo modo, isso é uma idiotice e não tem muito haver com os músicos implicados, mas mostra como funciona o jogo midiático e propaga o mito da celebridade.  Muitas das músicas feitas anteriormente são marginais e estão totalmente fora da experiência da maioria da população. No entanto, constituem os focos de debate cultural e, em alguns casos, são as receptoras de um grande financiamento estatal já que ali onde o capitalismo não há encontrato nas artes uma fonte de benefícios financeiros e consolo doutrinal, está bastante preparado para mobilizar o uso de recursos públicos com fins ideológicos. [24].
Sem dúvida, Stockhausen serve a cultura capitalista, sem chegar a ir tão longe com a provocação de Cardew de que Stockhausen serve ao imperialismo. Porquê? Se não – porque ele é tão badalado? Talvez seria mais preciso dizer que o capitalismo serve a Stockhausen, mas todavia haveria que perguntar: por que esse culto pelo gênio e a celebridade quando era só um dos muitos que estavam dando passos inovadores na música? Talvez o cientificismo alcançou um novo nível com a peça de Stockhausen para o quarteto de cordas e helicópteros. [25] A primeira apresentação teve como lugar Amsterdã. Os quatro músicos do quarteto de cordas Arditti tocaram em quatro helicópteros que sobrevoavam sobre os arredores da sala do concerto. A música dos intérpretes foi transmitida via rádio para a audiência da sala, onde se encontrava o compositor, sentado na mesa de misturas, controlando os sons e misturando os sons dos músicos e helicópteros. Deixo ao leitor refletir sobre o possível valor cultural desta peça. No entanto, talvez do ponto de vista prático e financeiro, pergunto-me porque há necessidade de helicópteros e quarteto de cordas se o som que estes elementos produzem vão ser controlados e modificados eletronicamente. Por outro lado, fica claro, que resultou um grande golpe de efeito publicitário. 

Tem que haver uma razão para que estes exemplos – incluindo aqueles não tão extremos como este – sejam tolerados, mas também fomentados. Todos tem um grande custo econômico, e sem benefícios apreciáveis para o progresso da humanidade, exceto como uma espécie de grande pantomima, algo semelhante a fogos de artifício de Noite velha. Estas obras se propagam e se dão a conhecer como as melhores e mais representativos exemplos do modernismo positivo e como experimentos que valem a pena. A verdade é que algumas obras de Stockhausen devem suas origens a outras obras de outros compositores e não é sempre assim? “Mikrophonie 1” (para tan-tan e seis instrumentistas) sem dúvida tem um dedo de LaMonte Yougn e talvez outros. [26]. Lendo Karlheinz Stockhausen, falando sobre o desenvolvimento desta composição fica muito patente que foi resultado de uma dificuldade de fazer a notação musical de suas próprias explorações com o tan-tan, incluindo, repetir-la com alguma esperança de precisão. [27] A pergunta que alguém tem que fazer é; por que não deixar os próprios músicos que façam estas investigações do som? Por que os partidários de Stockhausen mantêm a ideia de que os sons imprevisíveis surgidos, é dizer pela atuaçãos dos intérpretes, constituem sua composição? Eu mesmo, quando me vejo tocador de tan-tan, sei e disfruto com as incerterzas do instrumento.

Sempre me assusta como distintas pessoas utilizando o mesmo tipo de instrumento parecem lidar e produzir uma diversidade de sons. [28] Tudo isso me parece um signo e uma celebração de humanidade e não um caso científico, ainda que o coração exercite e faça uma brincadeira no sentido de investigação. A interface entre os materiais e a pessoa tem uma pegada individual especial. Tal aproximação livre e espontânea, que é o modos vivendi geral de um improvisador, é uma resposta sem mediação e evasiva do mundo. Felizmente, não está sujeita à cálculos científicos. Não é repetível. E tampouco não há nenhuma boa razão para que devar repetir-se: salvo para capturar e escravizar exclusivamente os sons e, talvez, explorá-los economicamente.

Então, por que se mantém esta noção de gênio compositor/controlador? Para mim, seria muito melhor que os músicos se envolvessem diretamente em descobrir sons por si mesmos, no lugar de ser dirigidos a provar tal ou qual procedimento. E há em outras oubras de Stockhausen que, talvez, sejam colaborações no qual as composições nunca tenham sido reconhecidas. [29]. Enquanto, suas formulações místicas de “música intuitiva” se apropriam de toda uma série de práticas, sentimentos e aspirações quem eram habituais, mas valiosas, para as escolas de músicos de improvisação em outras partes da Europa e Estados Unidos antes da época de suas próprias manifestações criativas. Nos melhor dos casos, Stockhausen participou de uma investigação mundial. Portanto, muito desse material foi apresentado como o trabalho de um só gênio. Evidentemente, o capitalismo não pode dar nenhuma credibilidade a potente mescla de autoafirmação e coletividade vinda da improvisação livre e que, consequemente, que a impulsa. Onde acabaria tudo isto? [30]

Evidentemente, o mito atual da celebridade foi substituído, até certo ponto, para o mito superstimado da própria obra. Isto se deve porque as maiorias das celebridades não possam, de nenhum modo, permitir os sobrenomes da obra; além do mais, a maioria não quer. A celebridade considera-se algo muito mais importante do que qualquer reconhecimento ao trabalho realizado. Devido à aceitação da ambiguidade e ambivalência de muitas caraterísticas da cultura e da sociedade dos Estados Unidos, concretamente desde décadas de 1960 e 1970, qual é o significado exato da alegação dada por Andy Warhol quando ele foi questionado sobre seu maior êxito, e respondeu: “conter o riso”. A música é prosmíscua. Já lancei uma série de advertências sobre como é fácil resultar para um objetivo cultural singular ser debilitado e interrrompido. Um músico pode estar trabalhando na produção de uma peça colaborativa e descobrir que os colaboradores estão utilizando o material para seus próprios (e outros) fins. Até os críticos, conscientemente ou não, com frequência discutem a coisas sob um viés capitalista dominante. Recordo do lançamento do primeiro álbum do AMM. Não havia nada, nem na cena músical nem alguma nota, que sugerisse que a música ou o conjunto era algo mais que um coletivo. Nas primeiras resenhas: Uma (Musical Times) se referiu ao AMM como “O grupo de Cornelius Cardew” e outra (Jazz Journal) chamou o grupo de “O quinteto de Cornelius Cardew”. [31] À parte de revelar de forma educada a bagagem cultural específica das revistas em questão, descobriram o espectro do programa anticomunitário do capitalismo. Percepção cultural como criadora de feitos históricos!

Com frequência, minha crítica geral tem sido interpretada como antitecnólogica. Isto se deve a maioria dos exemplos negativos que tenho apontado – sobre o que considero abusos que se dão na música (por ex, o uso opressivo do volume induzido eletronicamente e a usurpação indiscriminada, frequentemente descuidada e pouco inspirada de material mediante amostragem) – isso tem sido feito com ajuda de máquinas eletrônicas e sequenciadores. Colocaram-me o apelido de Luddita*. Mas acredito que uma leitura mais detalhada dos meus primeiros textos deixa claro que não é são as máquinas que culpo, e sim os que a controlam. [32] Faríamos bem em recordar a advertência de Marcuse a respeito da submissão do homem ao aparato produtivo. [33]

A ciência e a tecnologia, inclusive na música, têm sido vistas como características progressistas da nossa cultura. Pouco ou nada tem levado em conta a dinâmica ideológica da atividade humana, a qual se submete a máquina, a ciência e o cientificismo.

A tecnologia pode criar imagens por si mesmas excitantes, como também pode sugerir novas formas de gerar imagens que, ao serem autossuficientes e incotestáveis para as ideias tradicionais de gosto, conduzem a resultados excitantes e reveladores. [34]




Se as palavras de Maconie refletem a ideologia geral de seus temas e seus seguidores, como parece razoável supor, temos que perguntar, Qual a definição de excitante está sendo utilizado aqui e quem pertence? Está ocorrendo algo muito determinista que, ironicamente, tem muito em comum com a prória marca anarquista liberal de Cage. Seja através do uso autossuficiente e preocupadamente incontestável da tecnologia ou através do uso de métodos de casualidade para encontrar e fixar futuros, à audiência e o resto do mundo, são reféns.

O gênio do capitalismo contemporâneo não consiste simplesmente em dar ao consumidor o que ele quer, mas sim fazê-lo desejar o que receberá. [35]



O mesmo se pode dizer do que passa pela música artística de Cage, Boulez e outros.
Para nós – na posição de músicos e ouvintes – devemos pensar se temos alguma escolha na hora de enfrentarmos a moralidade do capitalismo, se devemos fazer ou não. Devemos decidir quem somos no lugar de receber uma identidade. Na nossa música livremente improvisada existe a oportunidade de aplicar uma corrente contínua de examinação. Buscamos sons. Buscamos os significados que integram os sons. E temos que decidir – baseando-nos em respostas observáveis – sobre os valores musicais, culturais e sociais que residem em qualquer das configurações que surgem. A busca é, sem dúvida, para a autoinvenção e para a invenção social. Esta é uma oportunidade para construir nosso mundo. Se não atuamos para construí-lo, então haverá alguém que invente um mundo para nós.



* “The Cash Nexus” livro escrito por Niall Ferguson, que propõe que os laços entre economia (sistema financeiro) e política são muitos estreitos.

[1] Aqui sugiro que o processo dialógico é um intercâmbio – um ato recíproco de dar e receber – na mesma medida em que a noção habitual da troca de mãos do dinheiro para troca de bens e serviços.

[2] A World Music também chamada música universal é um desenvolvimento de um novo gênero musical em que se combinam as formas da música tradicional ou folclórica, sobretudo, com as formas de música pop ocidentais. Ainda que o jazz esteja incluso na música tipicamente feita pelo ocidente também integrou nesta fusão.
[3] Poder-se-ia argumentar que o conceito de “ócio” está fundado em seu contrário, é dizer, “trabalho assalariado”.

[4] Pode parecer que os downloads grátis da internet contradizem esta inferência. Assim, há uma diferença entre algo que está disponível gratuitamente e algo que se pode obter gratuitamente. Os downloads gratuitos fazem sentir ao receptor como se conseguisse algo em troca de nada (é dizer, algo que de outra maneira que provavelmente teria que pagar). Em uma ideologia capitalista, é esta a característica (chamada roubo) o que faz sentir que conseguiu algo de valor sem pagar.

 [5] A resistência negra ao racismo em raras ocasiões permitiu-se converter em um contra-exemplo do que realmente enfrentava. Ainda que algumas comunidades negras tenham sido cautelosas com razão a respeito de filiações liberais dos brancos. 

[6] Para desgraça, deste escritor, ocorreram muitos poucos expoentes negros neste campo, existem notáveis exceções: por exemplo, Cecil Taylor, Anthony Braxton e George Lewis que manteram uma posição de ponte na divisão cultural e, deste modo, procuram, de forma eficaz, um sentido mais amplo de comunidade que deixe de fora o discurso de raça.

[7] Edwin Prévost, «No Sound is Innocent», Londres: Copula, 1995.

[8] Sendo uma “partitura” (entre outras coisas) um documento em que se pode preservar a propriedade da música e protegê-la legalmente. Posteriormente, converte-se no meio no qual se pode extrair valor das atuações musicais com os royalties.

[9] Cornelius Cardew, ‘Towards an Ethic of Improvisation’, Treatise Handbook, Edition Peters, 1971, reditado em Cornelius Cardew: A Reader, Londres: Copula, 2006.

[10] Durante os anos setenta, Cunningham Dance Company havia começado a por em moda, especialmente na França. Algumas vezes, Cardew trabalhou como um dos músicos acompanhantes.

[11] Conversas entre John Tilbury e Cornelius Cardew.

[12] Chris Culter, «Thoughts on Music and the Avant Garde» in Hanns-Werner Heister, Wolfgang Martin Stroh, Peter Wicke (eds.), Musik-Avantgarde. Zur Dialketik von Vorhut und Nachhut, (BIS-Verlag) Oldenburg 2006, pp.52-73.

[13] Refiro-me aqui as muitas peças de performance extremas, como exemplo,  “Feeding the Piano Hay” de LaMonte Young,  que funciona a primeira vez (para surpreender ou desorientar uma audiência) o que na minha opinião, não vale a pena repetir salvo como diversão inofensiva.
[14] O free jazz inciou a tarefa de eliminar aparentemente do jazz “as técnicas profissionais” (ou modificá-las?) dos ensinamentos tecnocráticos do be-bop (que cada vez era mais formal e posteriomente foi utilizado para a aprendizagem de música formal). Também devolveu a intuição à agenda criativa e reafirmou o coletivismo.

[15] Continuando a partir da obra de Webern e Schoeberg que haviam desenvolvido um sistema de música que tinha estritamente as filas de notas em uma escala cromática, ou seja, uma nota não se repetia até que outra nota pudesse se utilizada. A escola de Darmstadt propagou a ideia de série aos demais parâmetros da música, por exemplo, o tempo e o timbre.  

[16] Pierre Boulez «Constructing and Improvisation», Orientations - collected writings, editado por Jean-Jacques Nattiez, traduzido por Martin Cooper, Londres: Faber and Faber, 1986. Luciano Berio, Two Interviews with Rossiana Dalmonte and Balint Andras Varga, Nueva York, Londres: Marion Boyars, 1985. pp.155-173.

[17] «Recordações, sonhos e pensamentos», C.J. Jung, coletados e editados por Aniela Jaffe, Londres: Collins and Routledge & Kegan Paul, 1963. p.342.

[18] Cornelius Cardew, «John Cage: Ghost or Monster», en Stockhausen serves Imperialism, Londres: Latimer, 1974. Reeditado por Cornelius Cardew A Reader, Londres: Copula, 2006. p. 1520.

[19] John Cage, «4’33”».

[20] Music and Musicians 20 (1972) pp.24-26.

[21] Pierre Boulez, «Boulez on Music Today», tradução de Susan Bradshaw e Richard Rodney Bennett, London: Faber and Faber, 1971. p.18.

[22] Michael Nyman, «Experimental Music: Cage and Beyond», 2nd Edition, Nueva York y Cambridge: Cambridge University Press, 1999.p.6.

[23] Robin Maconue (ed.), «Stockhausen on Music: lectures and interviews», Londres: Marion Boyars, 2000.

[24] Na Inglaterra vemos na atualidade um desvio do dinheiro público para benefício e lazer dos ricos, através de Fundos da Loteria Nacional para financiar as artes. A estrutura do sistema é distinta dos EUA. Há grandes doações privadas (que com frequência, representam milhares de dólares por receptor) para os músicos, muitos dos quais se consideram vanguardistas e se colocariam fora da corrente convencional das artes, como por exemplo, Braxton, Steve Lacy, George Lewis, John Zorn, só para nomear alguns.

 [25] Uma peça de vinte minutos que era parte do ciclo da ópera de Stockhausen «Mittwoch aus Licht».

[26] LaMonte Young, «Studies in The Bowed Disc», 1963.

[27] «Microphony» in Robin Maconie (ed), Stockhausen on Music — lectures and interviews, London: Marion Boyars, 2000.

[28] No último cd solo de Prévost aparece um tan-tan. «Entelchy», Matchless Recordings, MRCD67, 2006.
[29] Veja o relato de Cardew sobre seu trabalho com Stockhausen sobre Carré. «The Musical Times», outubro e novembro de 1961. Reimpresso em Cornelius Cardew A Reader, Londres: Copula, 2006.

[30] Provavelmente, o efeito do capitalismo no jazz foi desenvolver as carreiras de alguns, por exemplo, saxofonistas tenores. Cada selo tinha uma ou duas estrelas. No entanto, a primeira vez que fui para os Estados Unidos no final dos anos
aos sessenta, apareciam saxofonistas brilhantes em cada esquina. Aparentemente, o mercado não podia tolerar a existência de mais do que algumas estrelas.

[31] «AMMMUSIC» 1966, Elektra. Posteriormente reeditado em CD por ReR Megacorp.

[32] Edwin Prévost, Minute Particulars, Londres: Copula, (Matching Tye), 2006.

[33] Herbert Marcuse, One-Dimensional Man, Nova Iorque: Routledge, 1991.

*Luddita (ludismo): O ludismo foi um movimento que ia contra a mecanização do trabalho proporcionado pelo advento da Revolução Industrial. Adaptado aos dias de hoje, o termo ludita (do inglês luddite) identifica toda pessoa que se opõe à industrialização intensa ou a novas tecnologias, geralmente vinculada ao movimento operário anarcoprimitivista. (N. do Trad.).

[34] ‘Afterword’ Stockhausen on Music: Lectures and Interviews. Op.cit. pp. 176-177.

[35] Timothy Garton-Ash, ‘O capitalismo global não tem sérios rivais por hora. Mas poderia autodestruir-se. ’ The Guardian, 22.02.2007.







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