Acorda e toma o café adulterado,
açúcar droga com pão industrializado de sódio. Sai para trabalhar com a cabeça
semiacordada e as tripas intestinais abarrotadas de lixo industrial. Pega o ônibus superlotado consequência da
ausência de políticas públicas de mobilidade.
Bate o ponto.
Já mais desperta, com o estômago
produzindo as doenças do futuro, começa a falar da vida alheia, sua principal
fonte de prazer já que com sua pança e doenças o sexo tornou-se distância,
práticas físicas só na televisão.
Agressiva, semidemente, acredita
em Deus, no estado e na família. Foi assim que o curral educacional fruto da ignorância
profunda a ensinou. O mesmo curral que forneceu um vocabulário limitado, um
desinteresse pela cultura e ódio generalizado ao conhecimento.
No bairro-dormitório, cidade dos
porcos, pessoas hidrogenadas confundem inteligência com canalhice, picaretagem
com vencer na vida.
Amanhã, infelizmente, será outro
dia.
Até o dia que não terá mais
amanhãs.
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